A ESCRITA EGIPCIA
11/11/2014 18:04
Os egípcios foram um dos primeiros povos, em conjunto com os sumérios, a desenvolver um sistema de escrita. E este sistema partiu de pictogramas, ou seja, de imagens que significavam objetos. O desenho de um pássaro significando a palavra "pássaro".
Gradualmente, este sistema passou a se mostrar insuficiente. Era necessário desenvolver novos sinais para que idéias mais complexas pudessem ser transmitidas.
Esta é a chamada Paleta de Narmer. Trata-se de um documento histórico interessante. Mostra, de um lado o rei (que se acredita chamar "Narmer", pelos sinais na parte superior) matando um inimigo e, de outro, em uma procissão, provavelmente comemorando sua vitória na guerra.
Note que, de um lado, Narmer utiliza a Coroa branca (do Alto Egito); e do outro lado da paleta, a coroa vermelha (do Baixo Egito). Por isso, diz-se ter sido o responsável pela unificação do antigo Egito.
A palavra hieróglifo deriva das palavras gregas hierós, que quer dizer "sagrado", e glýphein, que significa "escrita".
Para os antigos egípcios esta escrita sagrada, ou hieroglífica, teria sido elaborada pelo deus Toth, divindade relacionada à sabedoria.
Foi no Médio Império que a escrita hieroglífica atingiu o seu auge. Por isso, é chamado de "egípcio clássico" pelos historiadores. É o momento em que a língua egípcia e escrita hieroglífica alcançaram o apogeu, com textos em diversas áreas do conhecimento.
A partir do Novo Império, a língua egípcia mudou. E, com ela, sua escrita. Os hieróglifos não representam mais a língua egípcia parece o hierático, um sistema de escrita adaptado à esta nova língua egípcia. Foram mantidos, como respeito à tradição. E seu uso era reservado a templos e descrições de fatos da realeza.
Mas as mudanças da língua e da escrita egípcia não pararam por aí. Ao hierático seguiu-se o demótico - também uma nova escrita associada a uma nova língua. E, já na fase final da história do antigo Egito, aparece o Copta (abaixo) - uma língua derivada do antigo egípcio, escrita com caracteres gregos (aliás, é uma língua ainda falada em rituais litúrgicos da Igreja Cristã Copta).
A escrita utilizada pelos egípcios é tradicionalmente assim esquematizada:
Egípcio Antigo (IV milênio: enunciados, relativa aos títulos dados aos soberanos, administrativa e econômica);
III din. (cerca de 2700 a. C.; frases compostas);
V din. (2.500 a. C.; Textos das pirâmides, a última no túmulo de Ibi – VIII din., cerca de 2200 a.C. ao sul de Saqqara);
Autobiografias de indivíduos;
Médio egípcio (a partir do final do terceiro milênio até a metade da XVIII dinastia; escrita sacralizada para durar para a eternidade, Textos dos sarcófagos);
Neo egípcias (entre Amenhotep IV - Akhenaton - 1364 a.C. até ao final do IIIPeríodo Intermediário, cerca de 700 a.C.; alguns documentos administrativos e privados, período raméssida e Hino a Aton);
Demótico, introduzido por Psammetico I, em 664 a.C.;
Copta (século II d.C., foram adicionadas cerca de 2.000 palavras gregas, conjunções e palavras eclesiásticas.
Hierótica
Demotico
As escritas Hierática e o Demótico – ambas cursivas da escrita hieroglífica. No entanto, as três formas de grafia egípcia deixaram de ser utilizadas oficialmente a partir do século I, com a anexação do Egito ao Império Romano. A forma de escrita empregada passou a ser o Copta, com ampla influencia do grego.
Foi por meio desta escrita que os egípcios, através do ofício dos escribas, registraram em templos, tumbas, estelas e papiros, informações sobre suas crenças religiosas e dados que envolviam o seu cotidiano.
Porém, com a imposição do cristianismo ao Egito, por volta do século IV, o sistema de escrita egípcio foi considerado pagão e caiu em desuso. Assim, por mais de quinze séculos nada mais foi escrito ou lido em hieróglifos, até a sua decifração por Jean François Champollion, em 1822.
Essa decifração ocorreu através de estudos da “Pedra de Roseta”, que foi encontrada na região de Roseta, Egito, quando o exército francês, liderado por Napoleão Bonaparte, no final do século XVIII, estava em uma campanha militar na região.
O oficial chefe das tropas de Napoleão, Boukhardt, ao analisar o pesado objeto, percebeu que se tratava de um documento que continha inscrições em grego, hieróglifos e em demótico.
Champollion conseguiu quebrar o código dos hieróglifos, ao descobrir que alguns sinais egípcios poderiam representam palavras inteiras (eram os ideogramas) enquanto outros - a sua maioria, na verdade - representavam sons.
Vários estudiosos passaram a estudar a “Pedra de Roseta”, já que conheciam o conteúdo do documento a partir da tradução do texto em grego. Champollion, que desde a infância interessou-se pelo estudo de culturas antigas, passou a examinar o antigo texto e nos legou sua decifração completa.
A partir de uma litografia da Pedra, além do conhecimento da escrita demótica, Champollion, através de associações entre as inscrições nela contidas, no dia 30 de agosto de 1808 conseguiu decifrar a primeira linha do texto em hieróglifos.
Esta estela anuncia a revogação de impostos, e ordena a criação de estátuas para os templos. O importante, porém, não estava propriamente no conteúdo do texto, mas no fato de que o mesmo decreto havia sido escrito em hieróglifos, em demótico e em grego. Pela primeira vez os estudiosos tinham, à sua disposição, um texto egípcio em que o significado poderia ser conhecido (afinal, o grego é, ainda hoje, uma língua viva).
Há anos que outros pesquisadores vinham tentando decifrar a escrita egípcia, porém, alguns não tiveram êxito e, outros, conseguiram somente decifrar nomes ou pequenas partes. Champollion tinha uma vantagem extra na sua busca pela decifração dos hieróglifos: ele era um estudioso do copta - uma língua que ele acreditava ser (e hoje sabemos ser verdade) herdeira direta do antigo egípcio.
Em 1822, Champollion, após rigorosas pesquisas, conseguiu completar o mais aceito método de decifração da escrita egípcia. Com isso, este estudioso francês foi considerado o pai da Egiptologia. Este foi o momento em que, finalmente, os textos egípcios puderam ser lidos e entendidos. Depois de 1300 anos, finalmente, a língua egípcia - e, com isso, aspectos essenciais e de sua cultura e sua história - estava à disposição dos estudiosos.
Os egípcios foram um dos primeiros povos, em conjunto com os sumérios, a desenvolver um sistema de escrita. E este sistema partiu de pictogramas, ou seja, de imagens que significavam objetos. O desenho de um pássaro significando a palavra "pássaro".
Gradualmente, este sistema passou a se mostrar insuficiente. Era necessário desenvolver novos sinais para que idéias mais complexas pudessem ser transmitidas.
Esta é a chamada Paleta de Narmer. Trata-se de um documento histórico interessante. Mostra, de um lado o rei (que se acredita chamar "Narmer", pelos sinais na parte superior) matando um inimigo e, de outro, em uma procissão, provavelmente comemorando sua vitória na guerra.
Note que, de um lado, Narmer utiliza a Coroa branca (do Alto Egito); e do outro lado da paleta, a coroa vermelha (do Baixo Egito). Por isso, diz-se ter sido o responsável pela unificação do antigo Egito.
A palavra hieróglifo deriva das palavras gregas hierós, que quer dizer "sagrado", e glýphein, que significa "escrita".
Para os antigos egípcios esta escrita sagrada, ou hieroglífica, teria sido elaborada pelo deus Toth, divindade relacionada à sabedoria.
Foi no Médio Império que a escrita hieroglífica atingiu o seu auge. Por isso, é chamado de "egípcio clássico" pelos historiadores. É o momento em que a língua egípcia e escrita hieroglífica alcançaram o apogeu, com textos em diversas áreas do conhecimento.
A partir do Novo Império, a língua egípcia mudou. E, com ela, sua escrita. Os hieróglifos não representam mais a língua egípcia parece o hierático, um sistema de escrita adaptado à esta nova língua egípcia. Foram mantidos, como respeito à tradição. E seu uso era reservado a templos e descrições de fatos da realeza.
Mas as mudanças da língua e da escrita egípcia não pararam por aí. Ao hierático seguiu-se o demótico - também uma nova escrita associada a uma nova língua. E, já na fase final da história do antigo Egito, aparece o Copta (abaixo) - uma língua derivada do antigo egípcio, escrita com caracteres gregos (aliás, é uma língua ainda falada em rituais litúrgicos da Igreja Cristã Copta).
A escrita utilizada pelos egípcios é tradicionalmente assim esquematizada:
Egípcio Antigo (IV milênio: enunciados, relativa aos títulos dados aos soberanos, administrativa e econômica);
III din. (cerca de 2700 a. C.; frases compostas);
V din. (2.500 a. C.; Textos das pirâmides, a última no túmulo de Ibi – VIII din., cerca de 2200 a.C. ao sul de Saqqara);
Autobiografias de indivíduos;
Médio egípcio (a partir do final do terceiro milênio até a metade da XVIII dinastia; escrita sacralizada para durar para a eternidade, Textos dos sarcófagos);
Neo egípcias (entre Amenhotep IV - Akhenaton - 1364 a.C. até ao final do IIIPeríodo Intermediário, cerca de 700 a.C.; alguns documentos administrativos e privados, período raméssida e Hino a Aton);
Demótico, introduzido por Psammetico I, em 664 a.C.;
Copta (século II d.C., foram adicionadas cerca de 2.000 palavras gregas, conjunções e palavras eclesiásticas.
As escritas Hierática e o Demótico – ambas cursivas da escrita hieroglífica. No entanto, as três formas de grafia egípcia deixaram de ser utilizadas oficialmente a partir do século I, com a anexação do Egito ao Império Romano. A forma de escrita empregada passou a ser o Copta, com ampla influencia do grego.
Foi por meio desta escrita que os egípcios, através do ofício dos escribas, registraram em templos, tumbas, estelas e papiros, informações sobre suas crenças religiosas e dados que envolviam o seu cotidiano.
Porém, com a imposição do cristianismo ao Egito, por volta do século IV, o sistema de escrita egípcio foi considerado pagão e caiu em desuso. Assim, por mais de quinze séculos nada mais foi escrito ou lido em hieróglifos, até a sua decifração por Jean François Champollion, em 1822.
Essa decifração ocorreu através de estudos da “Pedra de Roseta”, que foi encontrada na região de Roseta, Egito, quando o exército francês, liderado por Napoleão Bonaparte, no final do século XVIII, estava em uma campanha militar na região.
O oficial chefe das tropas de Napoleão, Boukhardt, ao analisar o pesado objeto, percebeu que se tratava de um documento que continha inscrições em grego, hieróglifos e em demótico.
Champollion conseguiu quebrar o código dos hieróglifos, ao descobrir que alguns sinais egípcios poderiam representam palavras inteiras (eram os ideogramas) enquanto outros - a sua maioria, na verdade - representavam sons.
Vários estudiosos passaram a estudar a “Pedra de Roseta”, já que conheciam o conteúdo do documento a partir da tradução do texto em grego. Champollion, que desde a infância interessou-se pelo estudo de culturas antigas, passou a examinar o antigo texto e nos legou sua decifração completa.
A partir de uma litografia da Pedra, além do conhecimento da escrita demótica, Champollion, através de associações entre as inscrições nela contidas, no dia 30 de agosto de 1808 conseguiu decifrar a primeira linha do texto em hieróglifos.
Esta estela anuncia a revogação de impostos, e ordena a criação de estátuas para os templos. O importante, porém, não estava propriamente no conteúdo do texto, mas no fato de que o mesmo decreto havia sido escrito em hieróglifos, em demótico e em grego. Pela primeira vez os estudiosos tinham, à sua disposição, um texto egípcio em que o significado poderia ser conhecido (afinal, o grego é, ainda hoje, uma língua viva).
Há anos que outros pesquisadores vinham tentando decifrar a escrita egípcia, porém, alguns não tiveram êxito e, outros, conseguiram somente decifrar nomes ou pequenas partes. Champollion tinha uma vantagem extra na sua busca pela decifração dos hieróglifos: ele era um estudioso do copta - uma língua que ele acreditava ser (e hoje sabemos ser verdade) herdeira direta do antigo egípcio.
Em 1822, Champollion, após rigorosas pesquisas, conseguiu completar o mais aceito método de decifração da escrita egípcia. Com isso, este estudioso francês foi considerado o pai da Egiptologia. Este foi o momento em que, finalmente, os textos egípcios puderam ser lidos e entendidos. Depois de 1300 anos, finalmente, a língua egípcia - e, com isso, aspectos essenciais e de sua cultura e sua história - estava à disposição dos estudiosos.